Pembrolizumab está aprovado, em monoterapia ou em combinação com quimioterapia, no tratamento do carcinoma de células escamosas da cabeça e pescoço recorrente ou metastático. O ensaio clínico KEYNOTE-412 investigou a eficácia e a segurança da combinação de pembrolizumab e quimiorradioterapia vs. placebo e quimiorradioterapia, em doentes com doença localmente avançada.
O estudo englobou 804 doentes, os quais foram aleatorizados 1:1 para cada um dos braços. A mediana do tempo desde a aleatorização até ao cutoff dos dados foi de 47,7 meses. Os investigadores observaram uma tendência para a melhoria da EFS no braço pembrolizumab vs. braço placebo, embora a diferença não tenha sido estatisticamente significativa (HR = 0,83; p = 0,0429). Os efeitos adversos foram de grau 3 ou superior em 92,2% dos doentes no braço pembrolizumab vs. 88,4% no braço placebo.
“Embora a melhoria de EFS registada para a combinação de pembrolizumab e quimiorradioterapia não tenha atingido a significância estatística, os dados sugerem que a adição de pembrolizumab teve um efeito clínico relevante em termos de EFS, com uma taxa de EFS aos 24 meses de 63,2% no braço pembrolizumab vs. 56,2% no braço placebo”, destacou o Prof. Doutor Jean-Pascal Machiels, médico nas Cliniques Universitaires Saint-Luc, Bruxelas, Bélgica, e primeiro autor do estudo. “Os resultados obtidos corroboram ainda a hipótese de que a expressão de PD-L1, avaliada através do combined positive score (CPS), é um potencial biomarcador preditor para identificar a população de doentes que irão beneficiar de pembrolizumab neste contexto de doença [HR de EFS = 0,80 em doentes com CPS ≥ 1; HR de EFS = 1,09 em doentes com CPS < 1]”, acrescentou o investigador.
Na opinião do Prof. Doutor Kevin Harrington, médico no Institute for Cancer Research, Londres, Reino Unido, “os dados do estudo KEYNOTE-412 expandem o nosso conhecimento sobre a forma como os inibidores de checkpoint imunitário devem ou não devem ser combinados com quimiorradioterapia de intenção curativa, em doentes com carcinoma de células escamosas da cabeça e pescoço localmente avançado”. O especialista considerou, no entanto, que “o presente estudo não pode ser interpretado como uma indicação para o uso de imunoterapia com anti-PD-1 em combinação com quimiorradioterapia em qualquer grupo de doentes”. “De facto, tendo em conta os dados negativos recentes dos estudos JAVELIN HEAD AND NECK 100, REACH e PembroRad, os resultados do ensaio clínico KEYNOTE-412 alertam para a necessidade de nos focarmos, a partir de agora, em abordagens terapêuticas em contexto neoadjuvante e verdadeiramente adjuvante”, defendeu.