Dados atualizados do estudo CLEAR reforçam combinação de lenvatinib e pembrolizumab em 1.ª linha no carcinoma de células renais avançado

Na “Mini Oral session 1: GU tumours, non-prostate” do Congresso da ESMO 2022, o Prof. Doutor Camillo Guglielmo Porta, da Universidade de Bari, Itália, apresentou os dados de eficácia atualizados do ensaio clínico CLEAR, o qual comparou a combinação de lenvatinib e pembrolizumab vs. sunitinib no tratamento em primeira linha de doentes com carcinoma de células renais avançado. O estudo CLEAR O ensaio clínico de fase 3 CLEAR demonstrou benefícios estatisticamente significativos ao nível da sobrevivência livre de progressão (PFS), sobrevivência global (OS) e taxa de resposta objetiva (ORR), para a combinação de lenvatinib e pembrolizumab vs. sunitinib, no tratamento em primeira linha de doentes com carcinoma de células renais avançado (Motzer et al., NEJM 2021). Este estudo incluiu doentes com carcinoma de células renais avançado, não tratados com terapêutica sistémica prévia. Os doentes foram aleatorizados (1:1:1) para os seguintes braços de tratamento: combinação de lenvatinib (20 mg uma vez por dia) e pembrolizumab (200 mg a cada 3 semanas, máximo de 35 ciclos); combinação de lenvatinib (18 mg uma vez por dia) e everolimus (5 mg uma vez por dia); sunitinib (50 mg uma vez por dia, 4 semanas on/2 semanas off). O endoint primário foi a PFS avaliada por revisão radiológica independente usando os Critérios de Avaliação de Resposta em Tumores Sólidos (RECIST) v1.1. Os endpoints secundários foram a OS, a ORR avaliada por revisão radiológica independente usando os critérios RECIST v1.1., a segurança e a qualidade de vida relacionada com a saúde (HRQoL). Os endpoints exploratórios foram a duração de resposta (DOR) e os biomarcadores. Na ESMO22, o Prof. Doutor Camillo Guglielmo Porta reportou os dados de atualização da PFS, ORR e DOR, avaliadas por revisão radiológica independente usando os critérios RECIST v1.1., para o braço lenvatinib + pembrolizumab e para o braço sunitinib. O médico apresentou ainda a OS atualizada e uma análise exploratória do subgrupo de doentes que completaram 2 anos de tratamento com pembrolizumab e continuaram a terapêutica com lenvatinib em monoterapia. A mediana de follow-up foi de 33,7 meses no grupo de doentes aleatorizados para lenvatinib + pembrolizumab (n =355) e de 33,4 meses no grupo de doentes aleatorizados para sunitinib (n = 357). Sobrevivência livre de progressão A mediana atualizada de PFS foi de 23,3 meses no braço lenvatinib + pembrolizumab vs. 9,2 meses no braço sunitinib (HR = 0,42). “O benefício da combinação de lenvatinib e pembrolizumab foi observado para todos os grupos de risco, independentemente da classificação usada”, ressalvou o orador. De facto, utilizando a classificação do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center (MSKCC), o HR de PFS foi de 0,18 no grupo de prognóstico desfavorável, 0,45 no grupo de prognóstico intermédio e 0,43 no grupo de prognóstico favorável. Recorrendo aos critérios do International Metastatic Renal Cell Carcinoma Database Consortium (IMDC), o HR de PFS foi de 0,30, 0,41 e 0,47, respetivamente. Sobrevivência global Relativamente à OS, a mediana foi não estimável em ambos os braços do estudo (HR = 0,72). A taxa de OS a 12 meses foi de 91,4% no braço lenvatinib + pembrolizumab vs. 80,2% no braço sunitinib; a taxa de OS a 24 meses foi de 80,2% vs. 69,7%. O HR de OS foi de 0,50 e 0,39 no grupo de prognóstico desfavorável, de acordo com a classificação MSKCC e IMDC, respetivamente, e de 0,71 e 0,72 no grupo de prognóstico intermédio. Contudo, “o reduzido número de doentes com risco favorável impediu-nos de definir claramente a atividade da combinação de lenvatinib e pembrolizumab neste grupo de doentes. Por outro lado, verificou-se uma elevada taxa de censura para além da mediana de duração do follow-up, pelo que teremos de aguardar pelos dados finais de OS”, explicou o autor do estudo. Resposta tumoral A ORR foi de 71,0% no braço lenvatinib + pembrolizumab vs. 36,1% no braço sunitinib, com uma taxa de resposta completa de 17,2% vs. 4,2%. “Esta percentagem [17,2%] é a taxa de resposta completa mais elevada alguma vez observada no cancro do rim”, sublinhou o Prof. Doutor Camillo Guglielmo Porta. Em concordância com estes resultados, a taxa de doença progressiva após tratamento foi de 5,4% no braço lenvatinib + pembrolizumab vs. 14,0% no braço sunitinib. A taxa de resposta parcial foi de 53,8% vs. 31,9% e a taxa de doença estável foi de 19,2% vs. 38,1%. A DOR mediana foi de 26,0 meses no braço lenvatinib + pembrolizumab vs. 14,7 meses no braço sunitinib. Análise exploratória Entre os doentes que completaram 2 anos de tratamento com pembrolizumab e continuaram lenvatinib em monoterapia (n = 101 de 355), 65 apresentaram doença de risco intermédio ou desfavorável, segundo a classificação IMDC, e 36 doença de risco favorável, dados consistentes com os da população com intenção de tratar. Nos doentes que completaram o tratamento com pembrolizumab, a taxa de OS a 36 meses foi de 94,5%, tendo 68,3% experienciado efeitos adversos relacionados com o tratamento. Conclusão “Portanto, com um follow-up mais longo, a combinação de lenvatinib e pembrolizumab continuou a demonstrar um benefício clinicamente significativo em termos de PFS, OS e ORR vs. sunitinib, corroborando os resultados da análise primária do estudo CLEAR”, resumiu o palestrante. “Além disso, uma grande proporção de doentes completou 2 anos de tratamento com pembrolizumab e continuou com lenvatinib em monoterapia, mantendo o benefício clínico “, acrescentou. “Globalmente, estes dados suportam a utilização da combinação de lenvatinib e pembrolizumab como standard of care no tratamento em primeira linha do carcinoma de células renais avançado”, afirmou o Prof. Doutor Camillo Guglielmo Porta.

Dados atualizados do estudo CLEAR reforçam combinação de lenvatinib e pembrolizumab em 1.ª linha no carcinoma de células renais avançado

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